Fonte: O Dia Online
Polícia pedirá bloqueio de patrimônio da falsa psicóloga que atendia crianças autistas
POR CELSO OLIVEIRA
Rio - A Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon) vai pedir à Justiça o bloqueio dos bens e da conta bancária da falsa psicóloga Beatriz da Silva Cunha, de 32 anos, presa quarta-feira à noite em sua clínica na Rua Sorocaba, em Botafogo, onde atendia a cerca de 60 crianças autistas. O objetivo é garantir que, futuramente, as vítimas possam ajuizar ações para exigir o ressarcimento dos valores pagos pelos tratamentos.
O delegado Maurício Luciano de Almeida acredita que o número de pessoas enganadas por Beatriz seja grande, pois ela atuava desde 98 como psicóloga, sem ter formação, e cobrava altas quantias dos pacientes, todos menores e portadores de autismo. Sua clínica, o Centro de Análise do Comportamento (Cenacomp), não tinha alvará e foi interditada.
“O patrimônio dela deve ser imobilizado para as pessoas recuperarem o prejuízo. Também vamos investigar todos os seus empregados. Quem sabia que ela não era psicóloga e se omitiu é co-autor ”, explicou o delegado.
A falsa psicóloga foi autuada por estelionato, exercício ilegal da profissão e propaganda enganosa, cujas penas somam dez anos de prisão. Segundo o delegado, é importante que asvítimas procurem a Decon para registrar queixa contra ela. “Vamos instaurar um inquérito por paciente”, afirmou ele.
Até ontem, a delegacia tinha lista de 20 pais de crianças atendidas por Beatriz. Todos serão procurados até
semana que vem. Outros três já registraram queixa, entre eles o advogado Gilson Moreira, 48. Pai de Igor, 7, paciente da acusada por dez meses, ele e a mulher, a delegada da Polícia Civil Candisa Mandim, 39, denunciaram a estelionatária à Decon, após reunirem várias provas. O casal gastou R$ 50 mil no tratamento do filho.
“Espero que ela seja definitivamente extirpada da sociedade para não voltar a cometer esse crime”, disse a mãe.
Profissionais de saúde enganados
Beatriz enganou até profissionais de saúde. Foi um renomado médico gaúcho, especializado em medicina ortomolecular, que a indicou para Gilson e Candisa, em meados de 2009. “Soubemos que ela tinha especialização e dava palestras”, disse Gilson.
O filho do casal piorou no tratamento, mas os pais só tiveram certeza de que haviam sido ludibriados quando ela deu o número do registro profissional de outra psicóloga para eles declararem o Imposto de Renda deste ano.
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