12 de mai. de 2011

Duas mil cruzes em Copacabana lembram tragédia das chuvas na Região Serrana

Fonte: O Dia Online


Movimento de Teresópolis protesta pela lentidão na reconstrução da cidade

POR MARCELLO VICTOR
Rio - Quatro meses após a trágédia das chuvas na Região Serrana em que mais de 900 pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas, integrantes da Comissão de Defesa Popular (CDP) de Teresópolis fincaram duas mil cruzes nas areias da Praia de Copacabana para protestar, em frente ao Copacabana Palace, Zona Sul do Rio, na madrugada desta quinta-feira. O número de estacas é uma estimativa do movimento das mortes que teriam ocorrido apenas no bairro de Campo Grande, no mesmo município. O grupo denuncia o descaso no processo de reconstrução da cidade e pede o impeachment do prefeito Jorge Mário (PT).
De acordo com o idealizador do protesto e vice-presidente da CDP, Azra Vieira, de 20 anos, a situação em Teresópolis 120 dias depois da enxurrada é igual ou pior a de janeiro, quando ocorreu a tragédia. Ele denuncia a lentidão e o descaso no processo de reconstrução da cidade serrana. O movimento cobra a transparência na aplicação das verbas já liberadas pelo governo federal. Segundo Azra, cerca de cinco mil pessoas ainda estão desabrigadas e vivendo amontoadas e em situação precária no Ginásio Poliesportivo Pedrão. Apenas 1 mil aluguéis sociais estão sendo pagos, segundo o movimento
O protesto tem por objetivo chamar a atenção da presidente Dilma Roussef e o governador Sérgio Cabral a pressionar o prefeito Jorge Mário. A CDP quer também que o representante de Teresópolis e relator da CPI da Região Serrana na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Nilton Salomão (PT), peça o impeachment do prefeito.
Vestindo blusas pretas, todos os 25 integrantes do CDP que vieram ao Rio são moradores de Teresópolis, na maioria estudantes e profissionais liberais. As duas mil cruzes foram confeccionadas no sábado. O material foi doado por um dos integrantes.
"Escolhemos a Praia de Copacabana e o Copacabana Palace por serem cartões postais do Rio de Janeiro. Queremos fazer com que o mundo saiba que nada foi feito em Teresópolis. E como todo mundo sabe, no Brasil tudo cai no esquecimento", justificou Azra.
Estudante de Direito do Centro Univesitário Serra dos Órgãos (Unifeso), ele perdeu a casa no bairro Cascata do Imbuí. Todos de sua família e os dois cães se salvaram. Atualmente, ele mora na casa da avó, também em Teresópolis.
O protesto em Copacabana vai até o meio-dia. Às 18h30, em frente a Prefeitura de Teresópolis, os integrantes do movimento promovem mais um protesto pela situação do município e das vítimas.

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