16 de mai. de 2011

Governo vai contratar guarda-vidas civis caso paralisação continue no RJ

Fonte: G1 Rio de Janeiro


Segundo comandante, 75% dos profissionais aderiram a greve. 
Quatro bombeiros que tiveram prisão decretada estão foragidos.

Thamine Leta
Do G1 RJ
Sérgio Côrtes  fala sobre paralisação dos bombeiros (Foto: Thamine Leta/G1)
Sérgio Côrtes, ao centro, visita centro de afogados
montado em praia (Foto: Thamine Leta/G1)
Caso a greve dos Bombeiros do Rio não se encerre até a próxima terça-feira (17), o Governo do Estado vai iniciar a contratação temporária de guarda-vidas civis para suprir a falta de profissionais em postos de atendimento. A informação foi confirmada pelo Secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, durante visita ao Centro de Recuperação de Afogados, em Ipanema, na Zona Sul da cidade, neste sábado (14).
“Se a situação não se normalizar até quarta-feira, configura-se o crime de deserção, já que os profissionais estarão sem trabalhar há sete dias. A partir de terça, se a paralisação continuar, vamos iniciar a contratação de guarda-vidas temporários, faremos como São Paulo faz em épocas de grande movimento, reforçar o contingente com civis”, explicou o secretário.

Na sexta-feira (13), a Justiça decretou a prisão de cinco bombeiros que seriam líderes da greve da corporação no Rio. De acordo com o secretário, um capitão foi preso e outros quatro bombeiros são considerados foragidos, pois não foram encontrados em suas residências.
Centro de afogados é montado em praia (Foto: Thamine Leta/G1)
Centro de afogados em praia deve funcionar nos
fins de semana (Foto: Thamine Leta/G1)
Segundo o comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Machado, a adesão à paralisação chega a aproximadamente 75% em todo o estado. No entanto, segundo as autoridades, todos os postos de salvamento estão funcionando e possuem profissionais qualificados para casos de emergência.
“É um movimento criminoso e irresponsável contra a população do Rio. É faltar com um serviço essencial. Mas as pessoas podem vir para a praia sem preocupação. Não vamos colocar a população em pânico, como eles estão tentando fazer”, disse Manchado.
O secretário informou que dois Centros de Recuperação de Afogados foram montados. Um em Ipanema e outro em São Conrado, também na Zona Sul do Rio. Os centros funcionarão durante os fins de semana até que o contingente da corporação volte ao normal.
Guarda-vidas
Segundo os autos do inquérito policial militar, os acusados, através de um movimento que, inicialmente, visava buscar por melhores condições de trabalho e melhorias salariais, passaram a promover o incitamento de outros militares, principalmente os bombeiros militares dos Grupamentos Marítimos, a cometerem diversos crimes militares.

“Os militares aderentes ao movimento vêm abandonando suas funções de defesa civil, deixando exposta a população carioca e seus visitantes, que, por exemplo, nas praias, como tem sido noticiado em toda a mídia, não têm contado com a imprescindível presença dos guarda-vidas do G-Mar, sujeitando a risco de morte os seus frequentadores”, disse a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros.
A juíza afirmou que reconhece a legitimidade das reivindicações dos militares, que pedem por condições de trabalho dignas e aumento de salários, mas ressaltou que tal fato não pode se sobrepor à vida do cidadão.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) requereu ao Juízo da Auditoria de Justiça Militar, na sexta-feira, a decretação da prisão preventiva dos cinco bombeiros. Segundo o MP, o requerimento aponta também a necessidade de investigar possível prática de motim, em função de eventual invasão praticada por cerca de 30 Militares ao destacamento do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, nesta sexta-feira (13).
Governador critica greve
O governador do Rio, Sérgio Cabral criticou a manifestação dos bombeiros na quinta-feira (11). Segundo Cabral, o comando da corporação acompanha os protestos e pode haver punições. O governador afirmou que os protestos seriam liderados por um militar que já trabalhou com um político e classificou a manifestação de "ato político".
"Meia-dúzia de 30 pessoas estavam impedindo que milhares de pessoas se locomovessem, impedindo a mobilidade dessas pessoas. O comando está identificando quem são os líderes, porque quando você abandona o seu trabalho para fazer esse tipo de prática, está, primeiro, desrespeitando o regimento da corporação. Isso está sendo cuidado pelo secretário e o comandante do Corpo de Bombeiros. Agora, infelizmente tem um incitamento por trás. Temos informações de político estimulando, pagando ônibus, pagando coisas. É lamentável", disse.
Reivindicações
Entre as reivindicações do grupo, estão cancelamentos de inquéritos abertos contra manifestantes, auxílio transporte para os bombeiros militares e melhores condições de trabalho.

Eles pedem ainda aumento do piso salarial de R$ 950 para R$ 2 mil no lugar de gratificações e que seja reconsiderada a decisão do comando geral que, segundo os manifestantes, teria transferido 36 servidores, como retaliação, por participarem dos atos de protesto.

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