Fonte: O Dia Online
Idoso procura UPA três vezes, com sinais do tipo mais letal da doença, mas só recebe diagnóstico certo tarde demais
Rio - A insistência em buscar socorro médico não evitou que o aposentado Eugênio Garcia, 78 anos, morresse de dengue hemorrágica. O idoso faleceu sábado, depois de ser atendido por três médicos, em três dias diferentes, na UPA de Costa Barros. Os dois primeiros diagnosticaram ‘virose’. Só o terceiro atestou dengue. Em seguida, Eugênio ficou dois dias na UPA, com hemorragia, à espera de leito de CTI.
Segundo o Estado, já há surto da doença em 12 bairros da capital. E epidemia em quatro outros municípios.
“Ele teve os primeiros sintomas no domingo de Carnaval. No dia seguinte (7), a médica da UPA não fez exame e disse que era virose. Passou mais um dia, voltamos, e outro médico confirmou virose. Quarta-feira (8), ele já não conseguia andar. Só aí fizeram exame de sangue, viram que era dengue hemorrágica e ele ficou internado”, conta a viúva, Vera Lúcia Garcia.
A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela UPA, diz apenas que o idoso foi à unidade dia 8, recebeu diagnóstico de dengue e iniciou tratamento, sem mencionar as duas visitas anteriores, em que não foram feitos exames.
Segundo o estado, todo paciente com febre e pelo menos dois sintomas de dengue deve ser considerado caso suspeito. Mas Vera conta que, na primeira consulta, Eugênio recebeu injeção de Voltaren,antiinflamatório que, de acordo com o estado, é contraindicado, pois aumenta o risco de hemorragias. “A febre subiu muito, ele começou a sangrar. Um médico perguntou se eu não tinha como pagar um hospital particular porque meu marido precisava de CTI”, conta Vera. Eugênio foi transferido para o Hospital da Piedade sexta-feira, mas já chegou em coma.
Verificar se há foco em casa é fundamental
Seis moradores da cidade do Rio morreram com dengue desde o início do ano, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. No total, 8.315 casos da doença foram registrado e 12 bairros da capital têm surto.
“Chegamos ao pico da epidemia. A partir de agora, o tempo fica mais frio e o contágio diminui”, afirma o subsecretário Daniel Soranz. “Pedimos que as pessoas vejam se têm focos do mosquito da dengue em casa. Em 66% das ações de bloqueio nas casas dos que têm a doença são encontrados focos”, diz.
A morte deixou indignado Marcos Garcia, pai do menino Rodrigo, que morreu com dengue em 2008, aos 6 anos. “Meu filho também recebeu diagnóstico errado”. O caso de Eugênio não foi incluído na lista do estado porque o exame sorológico ainda não está pronto, mas a causa da morte está no atestado de óbito.
PIORES LOCAIS
Quatro cidades do Rio têm epidemia: Cantagalo, Santo Antônio de Pádua, Magé e Bom Jesus de Itabapoana. Doze bairros da capital enfrentam surto, segundo o município. Ou seja, têm transmissão da doença crescente por 5 semanas consecutivas e incidência de mais de 300 casos da por 100 mil habitantes. Em alguns locais, a incidência chega a 1.187 por 100 mil.
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