13 de jun. de 2011

Um Rio de jazz

Fonte: O Dia Online


Shows gratuitos de jovens músicos tomam a Lapa sambista com o melhor do som de Nova Orleans

POR LEANDRO SOUTO MAIOR
Rio - Tem maluco, tem madame, tem ‘maurício’, tem artista e executivo engravatado pós-trabalho. Misturados aos típicos ambulantes, mendigos e malandros da Lapa, todos se esbaldam ao som de um grupo de virtuosos instrumentistas de 20 e poucos anos que, toda quarta-feira, entopem de gente a esquina da Rua da Lapa com a Rua Taylor. E, curioso, não se trata de mais uma das características bandas de samba do bairro boêmio. O Nova Lapa Jazz existe há três meses e toca apenas música instrumental, internacional e brasileira, de Miles Davis a Tom Jobim.

“A gente queria fazer um jazz não elitista, além de encontrar um espaço para ensaiar sem ter que pagar, onde a galera pudesse dar canjas”, conta o guitarrista Gabriel Ballesté, 21 anos. Os meninos, ao que parece, criaram um monstrinho: o que começou como um tímido encontro de amigos virou o novo point carioca, reunindo centenas de pessoas, espremidas pelas calçadas e ruas da área. “Não esperava que virasse esse Carnaval todo. Pensei que daria, no máximo, umas 50 pessoas”, surpreende-se o saxofonista Iuri Nicolsky, 24. Sem contar a qualidade musical da moçada, outro atrativo dessa noitada de jazz é que o show é gratuito. No final da sessão, claro, passam o chapéu. “Dá para faturar umas 300 pratas. Não é muito, mas dá para o gasto. As pessoas contribuem com R$ 5 ou R$ 10, mas já teve um gringo louco que deu R$ 50”, conta Nicolsky. Além dos amigos, amigos dos amigos e curiosos em geral, o Nova Lapa Jazz atrai um sem número de instrumentistas, que aparecem apenas para escutar ou para dar uma palinha. Na última quarta-feira, um dos mais talentosos e respeitados bateristas do mundo, Robertinho Silva (leia-se Milton Nascimento, Chico Buarque, Tom Jobim e Sarah Vaughan, entre muitos outros) encostou no balcão do boteco mais próximo, pediu uma cervejinha e ficou de ouvido ligado no som. “Isso, acontecendo assim, no meio da rua, é maravilhoso! Hoje, esse tipo de coisa só rola no centro da cidade. Nos anos 70, era na Zona Sul, onde agora está tudo muito caro e inacessível ao grande público”, compara o músico. Os integrantes do Nova Lapa Jazz — Eduardo Santana (trompete, 26), Antonio Neves (bateria, 20), Caetano Salles (baixo, 30), além de Gabriel e Iuri — mantém um blog (www.jazznobuteco.blogspot.com), no qual postam semanalmente vídeos com os melhores momentos das apresentações. O ritmo típico de Nova Orleans, nos Estados Unidos, parece que virou definitivamente uma paixão carioca. Confira ao lado um roteiro de onde o gênero rola na cidade e... até quarta que vem! Sharon Jones é atração aguardada O BMW Jazz Festival traz um time de respeito ao Oi Casa Grande. Hoje, se apresentam Joshua Redman Trio e Wayne Shorter Quartet. Amanhã, é a vez de Sharon Jones & The Dap-Kings e Marcus Miller – Tutu Revisited.Apesar de cantar há 20 anos, Sharon Jones começou a ser notada em 2007, depois que sua banda, The Dap-Kings, acompanhou Amy Winehouse no CD mais famoso da cantora, ‘Back to Black’ (2007). Isso impulsionou o disco ‘100 Days, 100 Nights’, de Sharon — o quarto dela.“Foi por causa da Amy Winehouse que ouviram falar sobre a gente. Por outro lado, muito do som dela se deve aos Dap Kings. Ela ouve soul music, mas eles merecem esse crédito”, diz.Sharon se inspira no som das gravadoras de soul Stax e Motown, mas já cantou com roqueiros como Lou Reed e David Byrne. “A única música que eu conhecia do Lou Reed era ‘Take a Walk on the Wild Side’. Mas foi muito divertido. Gosto de fazer coisas diferentes”. Ela recusou uma turnê com Reed para fazer o filme ‘O Grande Debate’ (2007), de Denzel Washington. “Espero atuar de novo”, diz.Antes dos shows, ela gosta de um drinque (“acho que suaviza”), geralmente uísque. Por aqui, anda bebendo caipirinha. “Mas não uso drogas nem bebo muito. Já fiz muitas coisas quando era jovem, agora minha vida é a música”, frisa.Ela e seus músicos foram para a casa de Seu Jorge, onde fizeram uma jam. “Foi divertido, de repente podemos fazer algo juntos no futuro”, conta Sharon.

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