Fonte: O Dia Online
Durante passeio no teleférico inaugurado há uma semana, ele se emocionou ao rever lugares onde passou a infância
POR FRANCISCO EDSON ALVES
Rio - Após cinco dias de funcionamento, nos quais transportou mais de 86 mil pessoas, o Teleférico do Alemão recebeu um passageiro especial ontem: o cantor Elymar Santos. Nascido na Rua Sebastião de Carvalho, em Ramos, “aos pés do Morro do Alemão”, como faz questão de destacar, ele se encantou com o que viu da gôndola e se emocionou durante o passeio de 3,5 km de extensão.
Ao andar no Teleférico do Alemão, Elymar Santos se emocionou | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
“Meu Deus, não fazia ideia de como é maravilhoso. É fantástico. Uhuu! Olha que lindo o pôr do sol, a rua onde me criei, o meu colégio, o Cacique de Ramos, o campinho onde soltava pipa, jogava bola e andava à cavalo com os meus amigos... É um sonho. Parece que estou num balão”, vibrou, mostrando que conhece bem o Alemão.
Elymar chorou quando avistou, a 170 metros de altura, a Igreja da Penha. “Olhava para ela e rezava todos os dias pedindo paz e que tudo desse certo (se referindo à ocupação do complexo pelas Forças de Segurança no final de novembro). Nos dias mais difíceis, fiz questão de ficar aqui, ao lado do meu povo”, revelou, emocionado.
Apesar de feliz com o progresso da comunidade, o cantor demonstrou preocupação com o futuro do local. “É bonito, é legal, um grande meio de transporte. Mas o contraste de uma obra desse porte e a carência explícita da favela lá embaixo assusta. Esse povo tão sofrido não merece viver só de bondinhos passando sobre eles. É preciso que as ações sociais entrem em cada moradia. Ainda há muita carência de emprego, educação, oportunidades”, destacou.
Cobranças à parte, o mais famoso filho do Complexo do Alemão reconhece que é preciso paciência: “As coisas estão realmente mudando para melhor. Quem viveu muito tempo abandonado, às vezes, quer que as mudanças aconteçam rápidas”.
Depois do susto, o canto
Depois de alguns sustos com os pequenos solavancos das cabines e de se emocionar, relembrando suas origens, Elymar relaxou durante a viagem, que durou em torno de meia hora. De braços abertos, ele até soltou a voz ao chegar à Estação do Alemão.
“Vem brincar nesse trem, amor; que vai parar na estação do coração...”, cantou o trecho de um dos enredos de sucesso da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, cuja quadra fica em Ramos. “Essa agremiação nasceu no meu quintal. Minha vida faz parte de sua história”, lembrou, orgulhoso.
Artista é um exemplo de superação para comunidade
Cantor vitorioso, há 26 anos Elymar Santos alugou por conta própria o extinto Canecão para o primeiro grande show de sua vida, penhorando um apartamento que havia acabado de financiar. Antes de conhecer a fama, ele vendeu garrafas, capinou quintal e cantou em muito boteco pé-sujo.
Cantor aponta pontos conhecidos da favela onde morou | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
“Sempre digo que é possível vencer na vida quando se tem um sonho, força de vontade, pensamento positivo”, ensina. Quando não está viajando, Elymar divide sua estadia no Rio entre Ramos e uma confortável cobertura na Av. Delfim Moreira, no Leblon, um dos endereços mais nobres da Zona Sul.
“De vez em quando, junto uns amigos da comunidade e levo todo mundo para a piscina do edifício (no Leblon). Tem muita madame que torce o nariz”, diz, às gargalhadas.
Agora, o artista se dedica à gravação do CD e DVD ‘Elymar Canta Marrom’, no dia 30 deste mês, no Vivo Rio, no Aterro do Flamengo. “Homenagearei os 40 anos de carreira de Alcione, cantando com ela e convidados”, descreve.
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