Fonte: O Dia Online
Bandido estaria tentando ampliar território tomando a região
Rio - Um dos responsáveis pelos confrontos que há duas semanas apavoram moradores da Vila Kennedy seria o traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático. Apontado pela polícia como o principal líder da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), Matemático tem dois mandados de prisão pendentes por tráfico, mas está foragido desde 2009, quando saiu em regime semi-aberto e nunca mais retornou.
Segundo a polícia, ele estaria à frente de um verdadeiro exército do crime, comandando as quadrilhas da Coreia, Rebu, Sapo, Taquaral e Vila Aliança. Uma das versões para os tiroteios ocorridos na Vila Kennedy é a de que Matemático estaria tentando tomar o controle das bocas de fumo da comunidade. Em março, vídeos divulgados por O DIA revelaram a ousadia da quadrilha do criminoso, que desfila pela comunidade da Coreia ostentando fuzis em plena luz do dia.
Deitada sobre o caixão do pequeno Marlysson Ribeiro Pereira, de 12 anos, a mãe do garoto, a copeira Ana Cristina Ribeiro, 44, desabafou a dor da família e de todos os moradores da Vila Kennedy: “Dormi mãe do Marlysson e acordei uma estatística. O que me roubaram, não há dinheiro que pague. Mas ninguém liga para o nosso sofrimento porque as autoridades não vivem a nossa dor”.
O menino foi atingido por bala perdida dentro de casa, durante tentativa de invasão de traficantes rivais.
Ana Cristina se desespera sobre o caixão do filho |Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Cansados das cenas de violência, moradores pediram ontem a instalação de uma UPP. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a Vila Kennedy está no planejamento para receber uma UPP, mas não há data prevista.
A PM garante que tem feito incursões com apoio de veículos blindados para prender os traficantes e reforçou o patrulhamento. Mas equipe de O DIA não viu nenhum policial, ontem, no período em que esteve na comunidade, entre 11h e 12h30.
Moradores, amigos e parentes acompanharam ontem o enterro do garoto, no Cemitério do Caju. Vestidos com camisetas com a foto de Marlysson, as pessoas levaram cartazes com pedidos de paz e fizeram protesto emocionado.
“Senhor secretário de Segurança, não abandone a Vila Kennedy”, dizia uma das placas. À frente do cortejo, muitas crianças que praticavam esportes na Vila Olímpica Ary Carvalho, na Vila Kennedy, com o garoto. De mãos dadas, os manifestantes rezaram e aplaudiram quando o caixão baixou à sepultura.
“Queria ser entrevistada como a mãe de um ídolo do futebol, que era o sonho do meu filho. Fiz o possível para não deixá-lo na rua, porque achava perigoso. Mas não teve barreira para a violência, ela invadiu a minha casa. As autoridades tomaram conta da Zona Sul e abandonaram a Zona Oeste”, desabafou a mãe da vítima, que vai mudar do bairro. A Divisão de Homicídios fez perícia na casa, mas não tem pistas de onde partiu o tiro.
Tiroteios na área não param
Enquanto os confrontos são investigados, os tiroteios não cessam. Na madrugada de ontem, os criminosos voltaram a se enfrentar, deixando moradores assustados.
De acordo com o chefe do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA), coronel Aristeu Leonardo, todas as informações recebidas estão sendo apuradas. Até ontem, o CPA recebeu 10 denúncias sobre Matemático e a guerra na Vila Kennedy.
Denúncias podem ser feitas pelo telefone 3331-0202 ou pelo site www.2cpa.net.
Reportagem de Isabel Boechat e Vania Cunha
Nenhum comentário:
Postar um comentário