2 de jun. de 2011

'Se tiver culpado, quero que pague', diz pai de menino morto em hospital

Fonte: G1 Rio de Janeiro


Criança morreu em clínica particular do Rio, após três cirurgias simples.
Outros parentes também prestam depoimento nesta quarta-feira.

Carolina Lauriano
Do G1 RJ
Pai do menino morto em hospital do Rio (Foto: Carolina Lauriano/G1)
Pai do menino morto vai à 20ª DP prestar
depoimento (Foto: Carolina Lauriano/G1)
Desde a manhã desta quarta-feira (1º) na 20ª DP (Vila Isabel), Márcio Anderson, pai domenino de 3 anos, que morreu após passar por três cirurgias realizadas no Hospital infantil Samci, no Andaraí, na Zona Norte do Rio, disse, nesta tarde, que quer justiça. A polícia investiga se houve erro médico ou negligência dos profissionais.
"Se tiver um culpado, eu quero que pague. Acredito que teve negligência dos médicos, abandono", afirmou ele, ainda muito abatido.
Márcio chegou por volta das 10h à delegacia, porém ainda não foi ouvido pelo delegado responsável pelo caso, Rodolfo Waldeck Monteiro, porque a polícia preferiu ouvir antes a mãe e o padastro do menino, já que eles estavam o tempo todo com a criança no hospital. O casal presta depoimento desde as 12h desta quarta.

A criança foi enterrada na tarde de terça-feira (31) no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste.
De acordo com a polícia, nesta quarta só serão ouvidos os parentes. Além do pai, a mãe e o padrasto, a tia do menino também deve dar esclarecimentos sobre o caso. Já a equipe médica deverá prestar depoimento na quinta-feira (2).
O delegado teve acesso, na terça, ao laudo médico do menino. Ele aguarda o resultado do Instituto Médico Legal, que deve atestar a causa da morte. De acordo com a nota divulgadapelo hospital na terça, o óbito foi constatado às 18h de segunda-feira (30), tendo como causa provável broncoaspiração.
“Eu já repassei esse laudo para os técnicos do IML. Ainda é muito cedo para apontar culpados, preciso ouvir todos os envolvidos, sejam médicos, enfermeiros, pais, parentes, enfim, quem teve contato com a criança”, explicou Monteiro, na terça-feira.
Procedimentos cirúrgicos simples
Márcio Anderson está inconformado com a morte do filho de 3 anos (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Márcio Anderson está inconformado com a morte
do filho de 3 anos (Foto: Reprodução/ TV Globo)
O menino morreu após passar por três procedimentos cirúrgicos, considerados simples pelos médicos. Ele foi submetido a "postectomia (correção da fimose), adenoidectomica (procedimento cirúrgico responsável pela remoção de uma formação linfóide que cerca as cavidades nasais) e turbinectomia (cirurgia para remover parte das estruturas dos cornetos nasais - ambos os ossos e tecidos moles - na cavidade nasal)".
Ainda na nota divulgada na terça (31), o Hospital Samci afirmou que "os procedimentos transcorreram sem qualquer anormalidade sob o ponto de vista cirúrgico e anestésico, tendo sido liberado do ato cirúrgico após superficialização anestésica".
Além da polícia, o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) informou, na terça-feira (31), que pretende abrir uma sindicância para investigar o caso.
Pai reclama de falta de assitência do hospital
Na terça-feira (31), o pai da criança, Márcio Anderson, falou ao G1. Ele reclamou da falta de assistência do hospital. “Ninguém deu atenção para a gente no hospital. Ninguém falava nada”, disse. Ainda segundo ele, a família chegou a ser chamada por alguns médicos. “Chegou um determinado momento que uma das pessoas que participou da cirurgia do meu filho nos chamou lá em cima para conversar e disseram na nossa cara que não sabiam explicar o que tinha acontecido”, afirmou.

Márcio declarou ainda que, a princípio, os médicos disseram que o menino havia tido uma parada respiratória provocada pela ingestão de uma secreção. Para ele, o acompanhamento médico não foi adequado.
“Ele saiu da cirurgia e dormiu desde então. Não sei se meu filho acordou, não sei nem se ele abriu os olhos”, disse com a voz embargada, acrescentando que a mãe do menino passou o dia inteiro ao lado da criança. “A enfermeira falou para ela que era normal (ele dormir) devido a anestesia e que seria bom por causa das dores”, contou ele.
Justiça
A família agora analisa a possibilidade de entrar na Justiça contra o hospital. “Meu sentimento é de justiça. Quantas vezes mais vamos ter que perder crianças dessa forma?”, indagou Márcio.
O advogado da família já foi acionado e está estudando o caso. 

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