8 de jun. de 2011

Seu Jorge: 'Quem gosta de pobreza é intelectual'

Fonte: O Dia Online


Depois do sucesso que rendeu um Porsche e um apartamento em Los Angeles, cantor lembra a origem suburbana em CD que quer transformar em filme

POR KAMILLE VIOLA
Rio - Além do vozeirão, uma das características que mais chamam atenção em Seu Jorge é como o cantor é naturalmente engraçado. Enquanto mostra no iPod as canções de seu novo disco, ‘Músicas para Churrasco Volume 1’, previsto para dia 15 de julho, ele gesticula, interpreta a letra. Todos em volta riem, encantados ao mesmo tempo pela veia humorística do artista e por ouvir em primeira mão vários candidatos fortes a futuros hits.
Foto: Reprodução da Internet
Foto: Reprodução da Internet
Nascido e criado em Belford Roxo, Seu Jorge celebra suas origens na primeira parte de uma trilogia com canções sobre personagens suburbanos, pessoas que moram na mesma rua e se reúnem para fazer um churrasco. A primeira faixa de trabalho, ‘A Doida’, já será lançada essa sexta-feira. “Ela é meio inspirada nessas personagens da Deborah Secco: é gostosa, bebe na conta dos caras e no fim da noite vai para casa, de metrô”, explica.

São dez músicas, com produção de Mario Caldato Jr. “É a oportunidade de levar meu som para a galera da massa, que ouve rádio. O cara me reconhece, acha parecido com Belo, Alexandre Pires, vê que é oriundo do mesmo lugar”, conta Seu Jorge, que vai rodar o Brasil a partir de agosto com a nova turnê.
Ele também planeja transformar a história num filme, ‘Rua X’. “Quero mostrar a história da perspectiva do universo de onde vim. É uma comédia, mas eles passam por alguns dramas. A ideia é mostrar superação”, conta.

Um universo bem próximo do menino que achava que ia ser cobrador de ônibus, mas distante do homem de 41 anos (completados hoje) que tirou a família do bairro pobre (“Quem gosta de pobreza é intelectual”, diz), aprendeu espanhol, francês, inglês e italiano, tem um Porsche novo na garagem, apartamento em Los Angeles (para onde pretende se mudar), estúdio em Paris e vai alugar um ‘château’ na região da Bretanha, na França. 

E a agenda segue cheia: morando em São Paulo, ele passa “75% do ano” fora de casa. Fez turnê com o Almaz, projeto com músicos da Nação Zumbi, e cria a trilha do próximo filme do ator francês Vincent Cassel. Bem na fita no exterior, Seu Jorge considera marcantes os elogios de Bono, do U2, que o chamou para o palco num show da banda, e do cineasta espanhol Pedro Almodóvar: “Tava acabando de chegar no pagode e o cara, com anos de Sundown, diz que eu sou um ator explosivo!”.

Mais faixas

A AMIGA DA MINHA MULHER’ 
“Sempre dá em cima do marido da amiga quando ela não está, e o pior é que ela é a maior gata”, explica. Autobiográfica? “Claro que não! Ou você acredita que o Marlon Brando foi o Poderoso Chefão e o Christopher Reeve, o Superman?”, devolve.

‘PARCEIRO’
Inspirado num amigo famoso de Seu Jorge. “Ele agita tudo no churrasco, até as mulheres, mas no fim não pega ninguém”, explica.

‘A VÉIA’
“É casada com um tiozinho, eles se aposentam e ele pensa que vão curtir a vida, mas o véio descobre que a mulher tá viciada em bingo”.

'A doida' (Seu Jorge)

A doida vazou
A doida vazou
Nem quis meu amor
Nem quis meu amor

Ela se querendo toda foi chegando, doida,
pra perto de mim
eu fui me sentindo o cara, botei a minha cara,
pensando no fim

Ela, toda venenosa de vestido rosa
pra me seduzir
Eu banquei a noite inteira, foi tanta saideira
e nada de partir

E ela no absolut, misturando ice, uísque e redbull
Eu vivi um pesadelo, 
entrei em desespero 
e fiquei a bangu
A galera da balada tava antenada no seu proceder
Mas eu não quis saber de nada, banquei essa parada, eu não sou de perder...

Perdi.
Foi clareando o dia,
e eu na agonia,
a banca quebrou
Ela saiu de cantinho,
me negou carinho
e foi pegar o metrô

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