7 de mar. de 2011

Carnaval 2011: Tijuca e Vila são as melhores no primeiro dia do Grupo Especial

Fonte: O Dia Online


Mangueira emociona com homenagem a Nelson Cavaquinho. Imperatriz fica devendo e Portela decepciona

POR RAPHAEL AZEVEDO
Rio - Após uma maratona de seis desfiles que começou às 21h15 deste domingo e só terminou às 6h30 desta segunda-feira, Unidos da Tijuca e Vila Isabel foram as melhores da primeira noite do Grupo Especial e vão brigar pelo título. A Mangueira também brilhou e emocionou com uma bela homenagem a Nelson Cavaquinho. A Imperatriz contou a história da medicina, mas ficou devendo. Assim como a Portela, que por ter sido atingida pelo incêndio na Cidade do Samba, não foi avaliada pelos jurados. A São Clemente fez uma exibição correta, mas sem vibração.


A Unidos da Tijuca entrou na Avenida com o maior desafio entre todas as 12 escolas: o de superar o impacto causado pelo desfile campeão de 2010. A tarefa, no entanto, não foi problema para Paulo Barros. O carnavalesco, mais uma vez, provou que a inovação e a criatividade são as receitas para conquistar o público e os jurados. Com um enredo que tratava sobre o medo no cinema, o artista levou as arquibancadas ao delírio em vários momentos. No fim, muitos gritos de "É Campeã".

Comissão de frente arrebatadora

A comissão de frente repetiu o êxito do ano passado e foi saudada por todos com bastante entusiasmo. Idealizada pelos jovens coreógrafos Rodrigo Nery e Priscila Motta, a encenação mostrava um lanterninha de cinema sendo aterrorizado por personagens que representavam a morte. Com movimentos ousados e uma engenharia extremamente bem executada, a abertura da escola do Borel fez história novamente. Adriane Galisteu, que provavelmente não continuará na escola, usou um figurino ousado, que realçava toda sua beleza - mesmo após uma gravidez recente - e foi muito aplaudida pelo público.

Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Carro do Avatar, da Unidos da Tijuca, impressionou pela beleza | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
As fantasias retrataram o tema com criatividade e leveza. Nas alegorias, filmes como "Avatar" e "Indiana Jones" foram lembrados com grande perfomances. No último carro, o cineasta José Mojica Martins, o Zé do Caixão, desfilou sentado numa cadeira ao lado da filha. A única falha da escola foi no quesito evolução, já que alas tiveram que correr no fim para não estourar o tempo. Representante da vanguarda do Carnaval, a Unidos da Tijuca brigará com muitas chances pelo bicampeonato.

Vila Isabel quase perfeita

A Vila Isabel fez um passeio pelas civilizações antigas para contar a história dos cabelos. Completando 40 anos de Avenida, a carnavalesca Rosa Magalhães fez valer seu talento ao apresentar o melhor conjunto de alegorias e fantasias da noite. Bastante organizada, a Vila fez um desfile bem compacto e também brigará pelo título.

O brilho da azul e branco começou com a passagem do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, que dançou como nunca e empolgou. Cada vez mais entrosada, a dupla exibiu uma coreografia trabalhosa, que foi muito bem executada. Outro grande momento foi a passagem da bateria de Mestre Átila. Mordido com os décimos perdidos injustamente em 2010, o diretor mostrou porque é considerado um dos melhores do ramo ao fazer uma apresentação arrepiante.

Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Thatiana Pagung brilhou à frente da comissão de frente da Vila Isabel | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Estreante no posto, a rainha de bateria Sabrina Sato - com uma fantasia banhada a ouro e com pedras preciosas - deu um show de beleza e interagiu bem com os ritmistas. A impecável apresentação da escola de Martinho de Vila foi finalizada com a presença ilustre da top internacional Gisele Bündchen, que, surpreendentemente, entrou no espírito da festa e cantou bastante o samba-enredo.

Mangueira emociona

Segunda maior campeã da história do Carnaval, a Mangueira encerrou a primeira noite do Grupo Especial com um desfile emocionante sobre o compositor Nelson Cavaquinho. Apesar do início muito demorado, que fez com que o público chegasse a vaiar a escola, a verde e rosa se recuperou e celebrou com maestria a vida e a obra do autor de "Folha Secas". 

A cantora Beth Carvalho, após cinco anos de ausência, desfilou no terceiro carro ao lado do escritor Sérgio Cabral. No fim, no entanto, a verde e rosa teve que correr e por pouco não estourou o tempo. Concebidas pelos carnavalescos Wagner Gonçalves e Mauro Quintaes, as alegorias contaram com clareza o tema. Ao estrear na escola, a dupla mostrou competência ao contar a vida de Nelson Cavaquinho de maneira leve e alegre.

Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Comissão de frente da Mangueira representou a favela |  Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Comandanda por Mestre Ailton, que assumiu o cargo faltando um mês para o Carnaval, a bateria deu um verdadeiro show. Honrando a tradição do surdo um, o grupo foi responsável pelo momento mais apoteótico da noite quando parou completamente por alguns segundos deixando só os componentes cantarem. O público foi ao delírio e ovacionou a bateria. Pelo segundo ano no posto de rainha, a bela Renata Santos esbanjou samba no pé e sensualidade. O emocionante do desfile só ficou devendo no quesito evolução, já que as alas tiveram que correr bastante para a escola não estourar o tempo regulamentar.
 
Imperatriz fica devendo

A Imperatriz Leopoldinense voltou no tempo para contar a história da Medicina. A proposta da escola, no entanto, não foi alcançada com sucesso. Concebidas pelo carnavalesco Max Lopes, as alegorias não primaram pelo bom gosto observado em trabalhos anteriores, daquele que é considerado o Mago das Cores. Já o conjunto de fantasias estava muito bonito, com destaque para a ala das baianas.

O grande momento da passagem da Imperatriz pela avenida foi a atuação da comissão de frente. Idealizada por Alex Neoral, a coreografia inspiradíssima retratou o trabalho feito pelos Doutores da Alegria. A rainha de bateria Luiza Brunet esbanjou simpatia e foi bastante aplaudida. O abre-alas, que representava o curandeirismo africano chegou pegar fogo na concentração e a desacoplar em um momento do desfile, mas a falha logo foi corrigida pelos diretores. 

A São Clemente abriu a noite com uma homenagem ao Rio de Janeiro, suas belezas e seus principais pontos turísticos. Concebido pelo carnavalesco Fábio Ricardo - que estreou na elite do Carnaval do Rio - o desfile teve como ponto alto o belo conjunto de alegorias e fantasias. Apesar do belo trabalho carnavalesco, o que garantiu o melhor desfile dos últimos dez anos no quesito alegorias, a agremiação passou na Avenida sem muita vibração. Novato no Grupo Especial, o intérprete Igor Sorriso estreou com o pé direito.

Portela decepciona

Ainda abalada pelo incêndio que atingiu o barracão há um mês para o Carnaval, a Portela contou a história da navegação. A apresentação teve como ponto alto a vibração dos componentes, que superaram os problemas pré-desfile com muita garra e samba no pé. Considerando o fato de que não estava sendo julgada oficialmente pelos jurados, a azul e branco entrou sem o compromentimento esperado. As alegorias, que não chegaram a ser afetadas pelo incêndio, pecaram pelo excesso de falhas de acabamento e estragaram o visual da escola.

Mais uma vez, a falta de organização da diretoria, recorrente nos últimos anos, prejudicou o trabalho do carnavalesco. Em seu primeiro ano, Roberto Szaniecki, fez o que pôde para mostrar a aventura do homem pelos mares através do tempo, mas ficou devendo. Na abertura do desfile, Ronaldinho Gaúcho desfilou abraçado com dois baluartes da escola: Tia Surica e Waldir 59. A presença do jogador, no entanto, tumultuou a evolução na primeira parte do desfile, tamanha a quantidade de pessoas que queriam chegar perto do craque.

O grande destaque foi a atuação da bateria do mestre Nilo Sérgio. Extremamente ensaiada, a Tabajara do Samba, como  é conhecida, fez história novamente e arrepiou a Sapucaí com diversas paradinhas. Estreante no posto de Rainha, a atriz Sheron Menezzes cumpriu bem seu papel e interagiu bastante com os ritmistas.

Maior campeã da história do Carnaval, com 21 títulos, a Portela terá que esquecer o ano que passou. Mesmo que o incêndio não tivesse acontecido, a escola não brigaria pelo título e amargaria um lugar mediano na classificação. Por decisão da Liesa, nenhuma escola será rebaixada para o Grupo de Acesso. Grande Rio, Portela e União da Ilha não participarão do julgamento oficial, já que sofreram com um grande incêndio na Cidade do Samba.

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