29 de jun. de 2011

Em novo discurso na Alerj, Myrian Rios explica declarações sobre gays

Fonte: G1 Rio de Janeiro

Há uma semana, atriz causou polêmica ao relacionar gays com pedofilia.

Nesta terça (28), ela disse que condena violência contra homossexuais.


Do G1 RJ
Myrian Rios causou polêmica com discurso na Alerj, no último dia 22 (Foto: Divulgação / Alerj)
Myrian Rios causou polêmica em discurso na Alerj
no último dia 22 (Foto: Divulgação / Alerj)
Uma semana após ter causado polêmica entre homossexuais e simpatizantes ao declarar-se contra a PEC 23/2007, a deputada estadual Myrian Rios (PDT - RJ) voltou ao plenário da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) nesta terça-feira (28) para explicar o que havia dito anteriormente sobre a questão da homossexualidade. A PEC 23/2007 muda a constituição do estado do Rio incluindo a orientação sexual como direito fundamental. Na ocasião, as declarações de Myrian Rios causaram polêmica ao relacionar gays com pedofilia.
"Repudio veementemente o pedófilo e não quis igualar o criminoso à homossexualidade, assim como condeno a violência contra os homossexuais", afirmou a deputada nesta tarde, acrescentando ter sido "mal interpretada" por sua declaração anterior.

"Não sou uma pessoa preconceituosa", completou Myrian Rios, afirmando ser religiosa e que a religião que segue acredita que "Deus ama todas as pessoas sem distinção".
Na última terça-feira (21), ao discursar na Alerj, ela disse que não contrataria empregados gays para trabalhar em sua casa, já que eles poderiam praticar pedofilia contra seus filhos e utilizar a prerrogativa da PEC para se manter no emprego, mesmo após cometer o crime.
Eu tenho que ter o direito de não querer um funcionário homossexual na minha empresa, se for da minha vontade. Digamos que eu tenho duas meninas em casa, seja mãe de duas meninas, e resolva contratar uma babá. E essa babá mostra que a orientação sexual dela é de ser lésbica. Se a minha orientação sexual não for essa, for contrária, e eu querer demiti-la, eu não posso. Eu vou estar enquadrada nessa PEC, como preconceituosa e discriminativa. "
Myrian Rios, deputada estadual (PDT-RJ)
“Eu tenho que ter o direito de não querer um funcionário homossexual na minha empresa, se for da minha vontade. Digamos que eu tenho duas meninas em casa, seja mãe de duas meninas, e resolva contratar uma babá. E essa babá mostra que a orientação sexual dela é de ser lésbica. Se a minha orientação sexual não for essa, for contrária, e eu querer demiti-la, eu não posso. Eu vou estar enquadrada nessa PEC, como preconceituosa e discriminativa. Ué são os mesmos direitos", afirmou na ocasião.
Myrian Rios continuou o seu discurso da semana passada, dizendo que "o  direito que a babá tem de se manifestar da orientação sexual dela como lésbica, eu tenho como mãe, de não querê-la na minha casa, para ser babá das minhas filhas. Me dá licença? São os mesmo direitos. Com essa PEC, eu vou ter que manter a babá na minha casa, cuidando das minhas meninas, e sabe Deus, se ela inclusive não vai cometer a pedofilia com elas. E eu não vou poder fazer nada. Eu não vou poder demiti-la”.
Este é o primeiro mandato de Myrian Rios como deputada estadual. Em sua ficha no site da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), ela diz que tem duas formações - atriz e missionária católica.
Aqui em casa, eu gostaria que meus filhos crescessem pensando em namorar uma menina para perpetuar a espécie, como está em Gênesis. No momento em que eu descobrir que o motorista é homossexual e poderia, de uma maneira ou de outra, tentar bolinar o meu filho, eu não sei. De repente, poderia partir para uma pedofilia com os meninos. Eu não vou poder demiti-lo. A PEC não permite porque eu vou estar causando um prejuízo a esse rapaz homossexual."
Myrian Rios, deputada estadual (PDT-RJ)
Motorista homossexual
Na semana passada, Myrian Rios disse ainda que caso contratasse um motorista para seus filhos, e ele fosse gay, ele poderia também cometer pedofilia contra seus filhos.
“Aqui em casa, eu gostaria que meus filhos crescessem pensando em namorar uma menina para perpetuar a espécie, como está em Gênesis. No momento em que eu descobrir que o motorista é homossexual e poderia, de uma maneira ou de outra, tentar bolinar o meu filho, eu não sei. De repente, poderia partir para uma pedofilia com os meninos. Eu não vou poder demiti-lo. A PEC não permite porque eu vou estar causando um prejuízo a esse rapaz homossexual”.
Parentes gays
Ao final de seu discurso na terça-feira passada (21), a deputada disse que tem parentes gays, mas mesmo assim é contra a PEC 23/2007.
“Agora é um testemunho. Eu na minha casa, eu tenho primos e familiares lésbicas e homens homossexuais. O que eu posso fazer? São pessoas íntimas da minha família, que eu respeito, que eu amo, oro, rezo, clamo e vou fazer o que? É a opção sexual deles. Agora não os desrespeito, não sou preconceituosa, não deixo de conversar com eles, não deixo de amá-los como seres humanos e filhos de Deus. Mas não vou permitir que por uma desculpa de querer proteger ou para que se acabe com a violência e a homofobia, a gente abra uma porta para a pedofilia.”
"Mal-entendido", diz assessoria
A assessoria de imprensa da deputada informou, nesta segunda-feira (27), que houve um “mal-entendido” em relação ao discurso. Ainda segundo os assessores de Myrian Rios, ela não é contra o homossexualismo e defende o direito de liberdade sexual.
A segunda votação da PEC 23/2007, de autoria do deputado Gilberto Palmares (PT-RJ), não aconteceu por falta de quórum. Segundo a assessoria de imprensa da Alerj, o presidente da casa, o deputado Paulo Melo (PMDB-RJ) vai definir uma nova data para votação, o que deve acontecer apenas em agosto, após o recesso dos parlamentares que se inicia em 1º de julho.
Nota de repúdio do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT
O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT, Cláudio Nascimento afirmou, por meio de nota, que repudia "veementemente as declarações - irresponsáveis e equivocadas da deputada estadual Myrian Rios no plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) a respeito da homossexualidade, relacionando-a à prática de pedofilia".
Ele disse ainda que "homossexualidade e a pedofilia são totalmente distintas entre si" e que "jamais em uma entrevista de emprego devemos levar em consideração a orientação sexual do profissional , mas sim a sua capacidade de execução das tarefas. Tal postura se configura como um atentado violento à cidadania e aos direitos humanos de lésbicas, gays, travestis e transexuais e que deve ser combatida".

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